Muitos dos leitores do blog são apaixonados por design. Assim como eu, começaram a pegar o gostinho da coisa quando se ingressou à blogosfera e passou a pesquisar mais sobre este mundo maravilhoso de bonitezas e projetos. Sei também que uma parte considerável destes leitores procuram seguir carreira na área ou já começaram a trabalhar. E, por eu sempre comentar sobre o meu sonho de ser designer desde o começo do blog, para lá de 2007, muitas pessoas vêm me perguntando a respeito do meu trabalho, do meu dia-a-dia de freelancer, como é minha forma de trabalhar etc. Além da tag #DGFAQ (na qual tiro dúvidas sobre o curso de design no aspecto geral), venho agora trazendo a tag #VidaDeFreelancer mostrando um catiquinho sobre como é a minha vida profissional.

Imagem: PicJumbo
Neste post falarei um pouquinho sobre como assimilo meu emprego com os meus freelas, e também comentar sobre a honestidade e autovalorização como um profissional em potencial. Vamos lá?
Pensar além, mas ter um pé no chão
Nunca se sabe o dia de amanhã. Isso é um fato, ainda mais quando o trabalho é autônomo. Enquanto não há um networking bem estabelecido, um público considerável e a freqüência de projetos ainda não ser mais do que suficiente para você manter sua micro-empresa (e investir nela), você precisa de ter uma alternativa de renda, de preferência que seja fixa. Ou seja: um emprego!
Em setembro do ano passado fui chamada para trabalhar em um órgão da UFG destinado à educação a distância. Tive muito medo de sair do meu antigo estágio, pois eu fazia muitos projetos para websites institucionais, e no novo emprego eu sabia que não iria fazer muitos projetos deste tipo — apesar da vaga oferecida ser para web designer. Mas eu gostava de pensar que seriam novos horizontes e novas coisas para aprender. E foi o que aconteceu, e neste quesito não me arrependi nem um pouco!
Por outro lado, eu sabia que, se eu fosse contratada por aquela empresa privada depois de formada, minha jornada de trabalho seria das 8h às 18h30. Enquanto isso, na nova proposta de emprego, minha jornada de trabalho não poderia passar de 6h depois de minha formação. O salário de estagio era menor, mas o que custa alguns meses de pouco money se no ano que viria eu poderia ganhar a mesma coisa na outra empresa quando fosse contratada? O que custa poucos meses no aperto se no ano que viria eu poderia ter a chance de investir muito mais tempo em minha carreira de freelancer e retornar tudo o que eu "perdi"? Se eu não tivesse sido chamada pela UFG, provavelmente eu nem estaria fazendo meus projetos.
Agradeço muito a Deus — e ao meu orientador de TCC que acabou se tornando o meu chefe — por ter tido essa oportunidade. Se você tiver a chance de trabalhar meio período, agarre-a com unhas e dentes!
Estipular horários consolidados e dias úteis de trabalho
Já fui uma workaholic no meu tempo de faculdade e sei o quanto isso acabou com minha saúde. Eu estagiava de manhã, ia para a faculdade à tarde e fazia freelas e projetos da facul de noite. Sabe-se lá quando eu ia dormir! Sinceramente, isso não é vida! Eu emagreci muito e fiquei extremamente estressada. E foi assim que decidi no meu 3º ano de faculdade que eu não pegaria mais nenhum freela até quando eu me formasse. A parte ruim é que perdi muitos clientes pois recusava muitos projetos, mas eu não podia me sobrecarregar. Eu já conheci o resultado catastrófico e não queria passar de novo.
Onde trabalho cada um planeja os seus horários. Então eu escolho trabalhar no período da manhã. Acordo bem cedinho e chego lá mais ou menos umas 7h para sair às 13h. A viagem de ônibus é cerca de 15-20min, então quando chego em casa dá tempo de almoçar e já às 14h pego novamente no batente em meu home office. A partir deste horário trabalho até as 18h.
Honestidade nos prazos e na quantidade de demanda
Ninguém merece trabalhar depois das 18h e muito menos em final de semana. Antes de mais nada é necessário pensar no seu bem estar. Bem estar é sinônimo de criatividade. E planejando os horários de trabalho certinho, você consegue estipular prazo e quantos projetos ao mesmo tempo você consegue suportar em seu horário. Para isso você precisa se conhecer muito bem e, pelo amor de Deus, não minta para o cliente prometendo um prazo maravilhoso se você não consegue cumpri-lo.
Com o meu tempo de trabalho eu sei que posso ter cerca de 3 a 4 projetos por mês e cumprir todos os seus prazos com calma. Parece pouco? Talvez, mas eu prefiro priorizar na qualidade do que quantidade — até porque ninguém merece ficar sobrecarregado e ter que apelar para trabalhar horário extra e em finais de semana. Você também tem uma vida e ninguém aqui é robô. E a quantidade de trabalhos que tenho por mês consegue pagar todas as minhas contas e ainda sobra com a ajuda do salário.
Honestidade no orçamento
Vira e mexe eu comento na desvalorização do design na blogosfera vendo preços tão, mas tão baixos, que chegam a ser de graça. Já fiz um post sobre isso aqui no blog e fiquei feliz na enorme repercussão que ele teve! Mais de 250 compartilhamentos e muitas dúvidas sanadas por ali. E, então, só irei reforçar: não tenha medo de cobrar um preço honesto pelo seu trabalho árduo. Não interessa se você é formado ou não.
Vamos nos valorizar?
É costume acreditar que só pelo fato de não ser formado na área, não se achar no direito cobrar um valor justo. Isso é BA-LE-LA. A partir do momento que você faz um trabalho com qualidade, você já é um profissional competente para cobrar o que deve. E quando se é formado na área, tem o direito de aumentar o seu preço devido aos seus anos de estudo, claro. Entretanto, nada justifica o baixo custo que vemos por ai. E isso, infelizmente, causa uma péssima imagem da profissão, dando a entender que qualquer pessoa pode fazer e se julgar como "designer". Antes de mais nada, é o seu nome, sua profissão (no contexto geral, inclusive) e sua imagem em jogo. Não faça orçamento menor ou igual ao valor da sua blusa preferida. Um projeto de design não é uma peça de roupa de 50 reais.
Não há nada de mais lindo um cliente chegar e dizer a você sobre o seu trabalho, acreditar em seu potencial e aceitar os seus valores. Isso é o que há de maior realização profissional, e isso te motiva a sempre dar o melhor de si. Te motiva a se organizar melhor, a trabalhar com maior comprometimento e te levar além. Então, vamos nos valorizar? ;D