Coisas de designer

Vida de freelancer: Quanto custa o meu design?

Você gosta de projetar, quebrar cabeça com perguntas, colocar toda sua personalidade em seus projetos, pensa em seu usuário e o que ele irá sentir ao ver o seu trabalho. Você adora pensar em problemas e achar soluções. Faz anotações, rascunhos e sabe que não deve ser não só lindo, único e encantador, mas também precisa ser útil, fácil, e funcionar. Sim, você se apaixonou pelo design, assim como a Aninha aqui. Mas não adianta se apaixonar, exercer sua função e não saber o valor de seu trabalho.

É aí que você deve se perguntar… Quanto custa o meu design?

Este post não será uma resenha do livro Quanto Custa Meu Design?, de André Beltrão. Achei o título digno para usar neste post! Na verdade, é um post sobre as minhas experiências profissionais, mesmo antes de me reconhecer como designer! Apesar deste livro me ajudar muito a me organizar financeiramente, não há nada melhor do que você mesmo reconhecer não só apenas quanto custa o que faz, mas também o valor disso. Valor que digo é profissionalismo, qualidade, estudo, disciplina… coisas que podem agregar também ao orçamento de seu projeto.

Há 5 anos atrás, eu não fazia ideia de quanto cobrava por um projeto (vulgo "encomenda", lembra?). Além de eu não saber o quanto eu precisava cobrar, eu não fazia ideia do valor que minha mão de obra tinha. Sentia como se meus trabalhos não podiam passar de 100 reais, mesmo trabalhando uma semana incansavelmente e aguardando os tão sonhados 100 conto que o cliente tinha prometido.

Quando eu acreditava que cobrar 100 reais era um preço ótimo para fazer um projeto de web completo, recebi um e-mail um dia de um designer que estava há anos no mercado e achou meu portfólio (na época chamava-se Madly Luv Designs). Foi um e-mail que mexeu muito comigo. A pessoa não falou mal do meu trabalho, também não elogiou horrores, mas me deu um conselho que levo até hoje: É preciso entender que o seu trabalho não é uma simples brincadeira, e, mesmo se for um hobbie como outro qualquer, tem o seu valor. Você se dedica, estuda e dá o seu melhor. Vale mais ainda quando se faz com prazer. Se ama o que faz, a tendência é só melhorar!

Como isso tudo pode custar míseros 100 reais? E aquele final de semana que você não dormiu só para conseguir fazer algo que agora você já faz em menos de 2h? Isso tem valor. Tempo é dinheiro, mesmo não sendo o tempo que você gastou para fazer um projeto. O tempo que você estudou, independente de trabalho, vale. Aquele cursinho que você fez no SENAC vale. Aqueles livros de design que você leu vale. Aquela palestra que você assistiu vale. Todo aquele tempo de faculdade também vale. Tudo é investimento para sua carreira.

Agora, fala para mim… você, futuro designer, já passou por isso, não é? Já sentiu como se o seu trabalho jamais poderia valer 500, 600… até 1.000 reais ou mais! É tão caro, não é? Não! Acredite, pensar nisso é muito comum, infelizmente. Digo isso agora pois, se aconteceu comigo há anos atrás, quem garante que outro também não passou por este mesmo pensamento agora? Sim, seu trabalho pode e deve ser valorizado.

É por ter esta grande variação de orçamento para um mesmo tipo de projeto que os clientes ficam confusos. Até julgam a qualidade do trabalho alheio ou reclamam de um preço absurdo (que na verdade nem é!) por ter visto outros trabalhos que custam praticamente nada. Às vezes, os clientes não conseguem enxergar um preço justo pelo fato dos próprios profissionais de design não terem a ideia do valor de seu próprio serviço.

Sabia que há uma tabela de valores para todos os tipos de projetos de design? É uma tabela criada pela Associação dos Designers Gráficos do Distrito Federal que auxilia e dá uma ideia para o designer sobre o quanto ele deve cobrar por um projeto. Os preços são sugestivos e devem ser colocados junto com todo o seu conhecimento em uma balança e pensar quanto sua mão de obra pode custar. Deve-se levar em conta sua experiência, prazo de entrega, exigências do cliente, e tudo mais! Tudo isso interfere no orçamento, que pode ser tanto mais caro ou mais barato do que o valor sugerido na tabela.

Se quer viver de design é preciso se entender e realmente amar o que faz. Ter a plena noção de seus conhecimentos e saber que seu intelectual é valioso! É duro entender que o que você fazia "brincando" agora é o que pagará suas contas. Digo isso por experiência própria! Jamais faça um trabalho de graça ou aceite-o por um valor que você sabe que é pura exploração. Designer recém chegado no mercado de trabalho costuma trabalhar praticamente de graça até finalmente entender que seu trabalho não é só um cuspe na tela. E se se valorizar de maneira consciente, o cliente também valorizará.

Depois de algumas semanas sumidinha, eu queria voltar e escrever sobre este assunto. Sei que muitos leitores daqui são apaixonados por design e querem viver disso como eu vivo, e por isso senti esta necessidade de escrever. É uma coisa séria e recorrente nesta blogosfera. Muitos não sabem nem onde recorrer e queria dar uma iluminada, hehe.

Bom, eu espero que este post tenha sido útil! Agora é a sua vez de me contar a sua experiência, ok? 😎


Comentários

  • Belzita

    Aninha, amei seu post me ajudou bastante.
    Mas, eu tenho uma dúvida: isso também serve para os "freelancer's" (?) que estão começando agora?
    Eu estou começando no ramo de ilustração freelance e já me deparei com isso logo de cara: "Mas fulana cobra mais barato… :("
    E o pior, esses que fazem mais barato acabam prejudicando não só eles mesmo, como também os outros que estão começando.
    Acho isso um absurdo… :(
    Acontece que é muuuuuito difícil tentar cobrar e receber por aqueles preços da tabela; eu tenho em mente o quanto vale o meu trabalho, BUT como posso mostrar que meu trabalho vale tanto para a pessoa e a mesma aceitar o meu trabalho e ainda por cima pagar por isso?

    Belíssimo blog. Eu não o conhecia! Parabéns e beijinhos! º 3 º)~

    • Aninha

      @Belzita, este é um mal muito recorrente na blogosfera. E eu sei o quanto a gente sofre em ver alguém pegando o seu cliente e cobrando por merreca. Isso é uma falta de auto-conhecimento e desvalorização de si próprio que chega a ser gritante, e até ridículo. Já vi gente fazendo banners por R$5,00… templates para blogger todo trabalhado e personalizado por R$50,00… gente, isso é trabalhar de graça! E é completamente desfavorável para uma concorrência justa no mercado.

      Mas uma coisa que aprendi, Belzita, é que, apesar de toda esta desvalorização do trabalho, você jamais deve se submeter a um projeto que você sabe que querem pagar menos do que na verdade é, além de dar muito mais trabalho quando você se sujeita a isso. Não sei… tenho a impressão que a pessoa "folga" demais quando está pagando barato e não leva em consideração em nada seu trabalho, muito menos sua visão profissional. Te acha um robozinho! É muito ruim esta sensação e já passei muito por isso.

      Quanto a sua pergunta principal, isso serve SIM para os freelancers. Tanto é que este post foi dedicados a eles. Eu também sou uma freelancer, mas apenas meio período, pois eu tenho meu emprego de manhã. Na parte da tarde dedico aos freelas. E essa desvalorização acontece justamente no mundo dos freelas. Pois vai numa agência de design, um studio ou empresa grande… tu vai ver o tamanho dos preços! Mais altos do que aquela própria tabela da ADEGRAF que citei no post.

      Uma dica para você mostrar o seu talento Belzita é fazer projetos pessoais. Trabalhos de ilustração requer uma sensibilidade muito intimista e saem com mais fluidez quando são pessoais. Você pode abrir um portfólio no Behance (uma rede social para designers e para quem busca nossos serviços) e colocar todos os seus desenhos lá. Mostrando as suas ilustras as pessoas valorização. E não faça por um preço "camaradinha" (lê-se: trabalho escravo) só porque uma outra pessoa se submete a isso, viu? Um dia chegará um cliente à sua altura e a partir dai não parará ;D

      Beijo grande Belzita, e sucesso!

  • Veramar Martins

    Adorei as fotos :))) quanto ao tema, sinto essas mesmas questões na área que atuo, que é as artes plásticas (fotografia), muitas vezes abaixamos os preços dos serviços por medo de achar que se não fizermos isso ficaremos sem essa "oportunidade". Abraços

    • Aninha

      @Veramar Martins, é tão complicado esse mercado, né? Mas acho que a gente precisa se valorizar acima de qualquer coisa, e saber que o tempo que gastamos estudando vale ouro! *-*

  • Re Vitrola

    Aninha, acho muito importante falar sobre isso. Aliás, acho que nós, blogueiras que trabalham nesta área, deveriam inclusive falar mais sobre o assunto (tô preparando um post sobre que sairá em breve), porque o que percebo é que muitas pessoas ainda não tem noção acerca do assunto. Acho importante essa conscientização, até para o bem do nosso trabalho (julgando que, a maior parte dos nossos clientes são os que tomam conhecimento do mesmo através do nosso blog e perfil/página do Facebook).

    Mais uma vez, parabéns pelo blog e post, sempre trazendo assuntos tão relevantes, é inspirador.
    Um beijo,
    Re

    • Aninha

      @Re Vitrola, acho extremamente válido falar sobre estas coisas aqui na blogosfera. Está faltando essas discussões por aqui, e quem acaba sofrendo somos nós, os profissionais que tira seu dinheirinho extra através dos clientes que conseguimos com nossos blogs.
      Muito obrigada por ajudar a compartilhar o post Re! Você é um amor. E estou esperando sua discussão sobre isso lá no Mulher Vitrola também *-*

      Beijocas!

  • Aline Rebelo

    Adorei tuas dicas Aninha.
    O problema é que os clientes sempre acham caro e sempre tem alguém para fazer pela metade do teu orçamento. (e essa pessoa muitas vezes sou eu)
    É tão triste. Eu tava vendo aquela tabela de preços e fiquei chateada, afinal, NUNCA consegui nem chegar perto daqueles valores.

    Vou começar a repensar na hora de cobrar um job!
    Bjs!

    • Aninha

      @Aline, de fato o cliente sempre está "chorando" por um precinho mais amigável e sempre vai ter alguém que vai atender. Infelizmente o mercado é assim. É por isso que a ADEGRAF montou esta tabela para guiar os designers e ter uma concorrência bacana, sabe? Mas de fato, os preços da tabela são um pouco caros! Até eu reconheço isso… meus preços também não chegam aquele tanto, mas também sei que não posso trabalhar incansavelmente por dias para ganhar coisa de, no máximo, 300/400 reais por trabalhos que só consigo pegar no máximo 2 de cada vez. Se eu morasse sozinha eu passaria fome kkkkkkkkkkkk A tabela é apenas uma referência.
      Mas fora esta questão da tabela, é muito bom repensar o valor dos jobs. É ótimo se valorizar! Se uma pessoa não se reconhecer como profissional e pensar que precisa pagar suas contas com o dinheiro com seus trabalhos, os outros não irão reconhecer. ;)

      Beijocas!

  • João Netto

    Hu3! Eu também já fui assim e dizia a mim mesmo:"Ta bem, eu estou ganhando para fazer uma coisa que gosto." Só depois que eu realmente valorizei o que eu fazia <3

  • Juliana

    Excelente post. Eu mesma não sabia o valor dessa profissão, até trabalhar na área e meu chefe me abrir os olhos. Hoje não trabalho mais na área, mas me foi útil pra valorizar o trabalho dos outros profissionais e parar de achar caro um serviço que hoje vejo o quanto é necessário estudo pra desenvolver :)

    Beijos!

  • Débora

    Comecei faz dois anos, eu acho. Nunca me senti no direito de cobrar mais de 200 reais em um layout para fã-site. Eu nunca fiz blogs, nunca pensei em "vou fazer blogs e é isso" eu faço às vezes pois sempre acho que todos eles são iguais. Por mais que você queira por algo seu, que deixe diferente, o cliente implica e deseja de tal forma e isso me tirava do sério. ???? Outra coisa era achar que não estava bom, que nunca nada estava bom. Eu faço um layout e uma semana depois estou querendo me matar por achar que deveria ter feito algo melhor, mas isso é só na minha cabeça.
    Eu li tanta coisa durante esses dois anos, até hoje não acredito que sei php (o básico do básico, mas sei). O problema de fazer layout para fã-site é que os donos são adolescentes que precisam dos pais para terem dinheiro e muita das vezes eles não podem pagar mais de 200 reais. Uma vez tentei deixar o padrão para lay em 250 e dai só 4 clientes não acharam caro demais. Tem gente que sabe enxergar o valor que suas coisas tem, mas muita gente acha que isso é simples, que é só sentar e fazer.
    No começo cobrava 65 por um layout completo. Fazia tudo do site, até as paginas. E como você, também recebi um um e-mail dizendo que era muito barato. Que tinha pessoas cobrando 500 e até 1500 por um trabalho meia boca e de acabamento péssimo. A pessoa só enviou isso e tudo na minha cabeça mudou. Nunca fiz curso sobre, não tenho livros, eu apenas leio dicas de sites que entendem do assunto.

    Esse post foi pra mexer com minhas estruturas hahaha obrigada pela graaaande dica e pelo grande esclarecimento. ????????

  • Camilla Martins

    Eu muito raramente comento aqui, entro mais pra ler seus tutoriais e tal, mas eu te acompanho desde o fim de 2008 se não me engano. O que você passou foi muito parecido com o que eu passei. Eu lembro que cobrava encomendas, e muitos achavam que eu nem deveria, porque "não tinha potencial para isso". Cobrava R$20 e achavam caro, e eu abaixava MAIS UHAUHAHUAUHAUHUHAUHAUH Até que um dia, do nada, uma garota perguntou se podia fazer um WordPress comigo. Aquilo me evoluiu muito: ela me testou em todos os limites e conheci uma ilustradora incrível. Cobrei R$50 do job e a cliente, vendo meu trabalho suado, me fez questão de dar mais. Quando mandei o orçamento de um site para minha ilustradora, ela quase caiu pra trás. "Como você cobra só R$150 por uma PROGRAMAÇÃO?" E então, foi o mesmo que aconteceu com você: o meu trabalho merecia valorização, até por minha parte, porque achava que se eu cobrasse caro, o povo não ia pagar! E me enganei: além de ter ganho clientes incríveis, eu agora ganho o que eu mereço ganhar, e entrei no mercado de trabalho com tudo. Então, a valorização é realmente importante: temos que testar os nossos limites e só assim saberemos o valor do nosso job. As horas brigando com o código do Blogger, que eu odeio, as palestras, o amadurecimento profissional, as horas de estudo pra fazer um código funcionar… tudo isso tem que entrar no preço. E agora é o que eu digo: o preço varia de acordo com a complexidade. E tem que ser assim, sempre!
    Achei bacana sua história ser muito parecida com a minha, adorei <3

  • Luly

    Aninha, eu vi muito nesse post em tudo o que você falou. Não sou designer, mas passo muito por isso como restauradora. a incapacidade de admitir que eu tenho que cobrar o que preciso cobrar é grande, e eu vejo isso nos meus colegas também. Ano passado eu e uma amiga fizemos um baita serviço pra uma instituição pública e hoje quando olho pra trás e vejo o que cobramos penso "Por que não cobramos mais? Por que não cobramos o que merecíamos ganhar". E olha que a gente não cobrou pouco não! Mas ainda assim, admito, foi insuficiente.
    Vamos sonhar com o dia em que profissionais como designer, restauradores, tradutores, ilustradores e tantos outros que vemos por aí possam ter a renda que merece baseada em anos de dedicação e desenvolvimento de um talento que não é pra qualquer um!!!!!

  • Thamyres Danniely

    Ei Aninha, foi tão bom ler tua opinião sobre isso, rs. Faço Design na UFPE (vou pro 3º período) e vejo de perto todo dia esse drama de quanto cobrar, ou quanto vale o meu trabalho. Eu faço layouts sob encomenda, assim, simplesinho como esse do meu blog, geralmente eu cobro em torno de R$ 50,00 e tem gente que já acha um absurdo. Acho que, quando eu tiver formada e tiver muito mais experiência, claro, vou saber cobrar de forma justa o meu trabalho (assim eu espero né, rs) Beijos! :*

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