Eu já estava com saudades de escrever posts sobre a tag #VidaDeFreelancer, e com ajuda da pesquisa de opinião (aproveita e responda lá!) que fiz com xs leitorxs recebi várias ideias de posts maravilhosos para esta categoria! O post de hoje é uma pequena lista de atitudes que tomei ao longo destes anos que fizeram a diferença na minha vida profissional ou que melhoraram a minha produtividade. E para quem está começando, espero muito que este post seja um mini guia sobre como começar com o pé direito na carreira de freelancer.
1) Estabeleça horários e seja fiel a eles
É muito fácil responder um e-mail de orçamento quando estou no conforto de minha casa, responder um chat aqui ou um zap dali porque querendo ou não tenho acesso às mensagens de forma praticamente instantânea, já que o meu computador e celular estão ali do meu lado e nada me impede de prestar atendimento às 22h se eu quiser. É muito tentador procurar responder com máxima agilidade possível. Cliente adora isso (e quem não adora eficiência?), mas é preciso ter prioridades.
Muitos pensam que freelancer é aquele profissional workaholic que vira a madrugada fazendo trabalho e está disponível 24h por dia para prestar serviços. Não sei como as pessoas interpretam o fator "trabalhar em casa" associado aos termos "estar à toa" ou "100% disponível" (aproveito e sugiro a leitura do artigo 5 mitos sobre a vida de freelancer explicados por um freelancer). Infelizmente esse pensamento é muito comum, pois acham só porque trabalhamos na maioria das vezes em casa não temos horário de trabalho, que podemos atender em finais de semana, feriados ou tarde da noite. Isso é tão errado! Freelancer também tem vida. Freelancer não quer viver para trabalhar, mas sim trabalhar para viver — e acho que todos querem isso, certo? — Horário comercial é das 8h às 18h, e ponto final.
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Não foi só uma vez que recebi reclamação de cliente que me mandou mensagem no sábado à tarde e não respondi no mesmo instante. Já cobraram resposta de mim em pleno domingo de uma mensagem enviada horas antes (e achando ruim porque respondi só na segunda-feira). E isso é muito triste, mas aprendi que se eu não respeitar meus horários, eu entro em loucura, e consequentemente ninguém irá me respeitar também.
Já comentei aqui no blog sobre esta questão de horários (várias vezes, inclusive) e explico como eu divido o meu horário de freelancer com o meu horário do emprego fixo, além de um pequeno puxão de orelha sobre a valorização do design na blogosfera. É só ler o post Vida de freelancer: Emprego + Freelas, Honestidade e Autovalorização!
2) Estabeleça um orçamento justo
Precisamos levar em consideração 4 itens básicos:
- Quais são os meus gastos obrigatórios?
- Qual é o valor da qualidade de vida que pretendo manter?
- Quanto vale o tempo que gastei estudando, seja na graduação ou em casa?
- Quanto tempo tenho por dia para trabalhar como freelancer?
Depois que me formei e mantive um emprego fixo de meio período, consegui estabelecer a minha quantidade fixa de horas que trabalho com meus freelas: de segunda a sexta das 14h às 18h e sábado das 8h às 12h. Estabelecendo esta faixa de 4h diárias, vamos supor que eu gostaria de ganhar aproximadamente R$3.000 por mês como freelancer. A partir deste determinado valor, vamos dividi-lo pela quantidade de horas trabalhadas somadas por um mês inteiro, chegando ao resultado de que a hora trabalhada equivale a R$31,25.
R$3.000 por mês ÷ ( 4h por dia × 6 dias na semana × 4 semanas por mês ) = R$31,25 por hora
Uma ferramenta que ajuda muito a estabelecer valores de projetos é o app Calculadora Freelancer, do 99freelas! Além de ajudar a estabelecer o valor do seu trabalho por hora, ele também calcula o valor de cada projeto baseado nas horas que você quer gastar em cada trabalho. Claro que os valores não são precisos julgando pela realidade (porque cada projeto tem sua peculiaridade, ou seja, pode-se terminar antes do previsto ou demorar mais do que combinado), mas é muito bom para termos uma noção de valores da forma mais aproximada possível, e dai cabe a você se quer manter estes valores exatos ou ajusta-los.
É muito importante ter um valor de hora para serviços calculados por tempo de trabalho, como manutenção de sites, correções ou otimizações na programação ou alterações visuais de layout, bem como confecções de banners e dentre outros serviços que são feitos em pouco tempo.
Qual critério que devemos ter ao estipular nosso salário?
Além de tudo o que comentei no post Quanto Custa o Meu Design?, a vida adulta uma hora chega e com ela vem impostos, INSS (previdência social), cartão de crédito, prestações, transporte (ônibus, táxi, uber e gasolina), alimentação, plano de saúde, gastos com celular e computador, softwares, packs de vetores e ícones, banco de imagens, mensalidades de vários serviços pequenos que no final do mês vira um montante considerável. Isso fora conta de água, luz, IPTU de imóvel ou aluguel de escritório caso o freelancer more sozinho ou tem um escritório fora de casa. Faça as contas de tudo isso somado ao valor aproximado de gastos com lazer e afins, bem como o tanto que você gostaria de poupar por mês para o futuro. Isso é a média do que será o seu salário.
Eu sempre penso que metade do valor vai para pagar minhas contas e obrigatoriedades, enquanto a outra metade vai para lazer e gastos relacionados (como viagem, por exemplo), e o que sobrar vai pra poupança. Mas este é o meu sistema financeiro, ok? É o que dá certo para mim e o que me deixa tranquila na minha realidade atual. Talvez para você a organização financeira precise ser diferente.
Este valor é excluindo salário fixo do emprego?
Sim. As contas chegam independentemente se temos dinheiro ou não, e viver de freela não é nada fácil neste sentido — porque há época em que não chega projeto algum ou não o suficiente para o mês. E ai, como que fica? Chupar dedo é que não vai resolver nada 😤 É nessa época que o meu salário fixo faz toda a diferença. Ele é a minha garantia de que terminarei o mês com pelo menos todas as minhas contas pagas.
Eu sei muito bem que não é nada fácil achar um emprego que seja meio período ou um que dê uma flexibilidade de horários para trabalhar de forma satisfatória com os freelas. :( Para casos em que um profissional só vive de freela, é preciso pensar em como estipular orçamentos de sua demanda para conseguir se manter de médio a longo prazo, poupando grana sempre que puder para os tempos difíceis que chegam quando menos esperamos. Já para freelancers que possui um emprego de período integral, é preciso pensar em prazos um pouco mais extendidos e estratégias que não exige com que ele vire várias noites para entregar no prazo prometido. Saúde e sono em dia é tudo. E mente descansada é uma mente criativa.
Vale a pena orçamentos fixos?
Olha, depende muito. Cada projeto possui uma peculiaridade e cabe a você se está com disposição para fixar o valor de cada tipo de trabalho. Mas quando você tem bastante domínio numa plataforma e um tipo de projeto segue um padrão, não vejo problema em fixar os preços. Para outros projetos, como sites institucionais por exemplo, onde cada site é diferente do outro ou precise de áreas dinâmicas diferentes, o orçamento é estipulado somente depois do formulário de briefing preenchido.
Quando se trata de blogs, eu gosto de trabalhar com orçamentos fixos porque, querendo ou não, a estrutura de um blog sempre segue um padrão. E a forma como trabalho já é prevendo toda essa estruturação padrão junto com as peculiaridades de cada layout que dará o seu ar único. Eu, particularmente, acho bobeira acrescentar um valor fixo para cada item no layout, ou trabalhar com "pacotes", como widget personalizada, slider de posts em destaque, rodapé com algum item a mais ou apresentação de redes sociais, como instagram, pins, tagcloud. São itens que são muito pedidos, então para mim acabou compensando estabelecer um orçamento prevendo isso tudo já de uma vez. A única diferença que interfere no meu orçamento de um projeto de blog é se ele será responsivo ou não. E o cliente sabendo disso sente muito mais liberdade em pedir um projeto que seja de acordo com o que sempre sonhou e, consequentemente, mais chances de sair satisfeito. E é isso o que mais amo em meu trabalho: realizar sonhos. 😍
3) Ofereça vários métodos de pagamento
Cliente gosta e precisa ter opções de pagamento. Projetos de webdesign não são baratos e se o cliente não tiver o dinheiro do orçamento em mãos, dê-lhe a opção de dividir no cartão de crédito. Há vários sistemas dos quais você pode trabalhar para facilitar o pagamento de seus clientes, tais como:
Eu gosto muito de trabalhar com o PagSeguro porque é a empresa que as pessoas mais confiam e mais estão acostumadas a usar em seus pagamentos nas lojas virtuais. A partir do momento em que o cliente faz o pagamento, eu recebo a aprovação do mesmo no meu e-mail e já começo a trabalhar — e em 15 a 30 dias úteis posso sacar o valor inteiro do projeto (com taxas, claro) mesmo se a pessoa dividir o valor em infinitas vezes.
Como é o esquema de cobrança de juros e taxas?
É nessa parte que percebemos que o parcelamento sem juros nada mais é do que uma ilusão, porque sempre vai ter alguém que vai ter que pagar: a empresa ou você. Cabe a você como uma empresa decidir se vai assumir os juros das prestações e até o quanto vale a pena. Um conselho: não assuma todos os juros das prestações, pois o valor do seu orçamento poderá aumentar consideravelmente e assustar o cliente, dando a impressão de ser mais caro, principalmente se for valores de projetos complexos. Se você quer trabalhar com até 3x sem juros, ótimo, e já acrescente estes juros embutidos no valor do projeto previamente. E nem preciso dizer que é necessário acrescentar no seu orçamento as taxas fixas que você deve dar a empresa, né? Veja abaixo a tabela de taxas e juros das 3 empresas que citei acima.
Tarifa prestação / ao mês | Tarifa fixa por transação | |
PagSeguro | 2,99% | 3,99% + R$0,40 |
PayPal | 2,39% | 4,99% + R$ 0,60 |
Mercado Pago | 2,15% | 4,99% |
Vamos supor que um projeto qualquer previamente calculado equivale a R$1.000 e escolho cobrir o parcelamento que meu cliente fez em 12x. Destes R$1.000 eu só será recebido R$779,70! Desta bagatela de R$220,30 por projeto, R$170 vai só para os juros e o resto são taxas fixas do PagSeguro. Desta forma, para não houver desvalorização da mão de obra, será precisaria aumentar o orçamento do projeto de R$1.000 para R$1.220,30 no mínimo, cerca de 22% a mais.
Quer cobrir juros? Dê alternativas mais atraentes e baratas, como um descontão para pagamentos à vista onde você pode excluir todas as taxas e tarifas que você precisaria pagar. Não pode cobrir? Oferece a opção de uma entrada via transferência bancária logo ao começar o projeto, e o restante divide no cartão no final do trabalho ou no mês seguinte para diminuir as tarifas em consequência de uma fatura reduzida. Para tudo na vida tem solução e há como negociar. Com o seu cliente tendo mais opções de pagamento, mais chances dele aceitar sua proposta de orçamento.
4) Trabalhe com contrato
Fiz um post totalmente dedicado sobre como trabalhar com contratos aqui no blog. Fazer termos de serviço é muito bom tanto para o cliente quanto para o profissional, pois deixa bem claro os papeis de cada um e até onde o projeto vai. Vale a pena dar uma conferida!
5) Estabeleça um método otimizado de trabalho
No início eu sofria muito porque eu trabalhava o layout diretamente no wordpress, e quando comecei a trabalhar como estagiária numa agência de web design eu aprendi a trabalhar com prototipação — comentei já sobre isso aqui no blog em 2012, lembra? — Nesta época eu fazia um projeto literalmente do zero: fazia TODO o HTML e CSS do projeto para depois aplicar o código PHP do WordPress. Inicialmente isso foi muito bom para mim, pois adquiri muita pratica e conhecimento. Eu pensava primeiro no visual para só depois quebrar a cabeça para aquilo funcionar dinamicamente no WordPress. Este método me forçou a aprender várias funções e buscar a aprimorar meu conhecimento técnico em linguagem de programação para fazer funcionar o que eu projetava visualmente.
Com o tempo pude desenvolver várias ferramentas por demanda da necessidade dos projetos que eu pegava. Hoje tenho o meu próprio acervo de códigos que já são capazes atender quase todos os tipos de projetos web. Consequentemente também acabei possuindo um template básico para uso comum de todos os meus trabalhos, possuindo já todas estas funções prontinhas, com vários widgets diferentes, sliders, metatags, sistema de thumbnails, resposta de comentários etc. E isso agiliza muito o processo de desenvolvimento, o que me deixa mais livre para dedicar no design e a estilização (CSS), já que de programação passei a ter tudo em mãos.
Mas espera… quer dizer então que voltei às origens? Sim, só que um pouquinho diferente. Antigamente eu desenvolvia às cegas, sem muita noção de organização de desenvolvimento (em outras palavras: eu não tinha noção prática de projeto), já hoje eu trabalho seguindo o método de Design Atômico — ou seja, um projeto totalmente segmentado, do qual cada função possui seu próprio arquivo e cada conjunto de funções são organizadas por uma pastinha diferente, fora o CSS, que também é todo segmentado. E com tudo isso já separadinho é só ir atribuindo na programação o que eu desejo (e o que não uso só joga fora para não pesar). Recomendo muito que leia o artigo O que é Design Atômico? do blog Tableless para saber mais detalhes.
Atualmente as únicas coisas que eu faço do zero é o que preciso criar no Photoshop e Illustrator, que seria o layout, identidade visual, banners e dentre outras peças gráficas. De resto já está tudo pronto e é só adaptar. 😎
6) Tenha um CNPJ de empresa e garanta o seu futuro
A melhor coisa que o governo criou foi o sistema do Microempreendedor Individual, o famoso MEI. Com ele nós podemos ter nosso próprio CNPJ a fim de trabalharmos como uma empresa de verdade, tendo privilégios e oportunidades para melhorar no negócio e profissionalismo como: facilidade em abrir conta bancária, pedido de empréstimos e principalmente emissão de notas fiscais, que é super importante. Outras vantagens de ser uma microempresa é poder ficar isento de tributos federais, como Imposto de Renda, por exemplo. E dai pagamos um valor fixo mensal de R$45 a R$50, dependendo do tipo de empresa, e este dinheirinho é destinado à minha Previdência Social.
O futuro que nos aguarda (e que de nada sabemos, rs)
Agora você, freelancer, pode ser condiserado empresário! Entretanto, por consequência, você trabalha sem carimbos e registros na sua carteira de trabalho. Ok, mas o que isso pode trazer de desvantagem? Se você quer trabalhar como freelancer significa que você será autônomo. E isso significa também que você não terá sua carteira assinada, e isso te exclui de vários benefícios trabalhistas e consequentemente a sua aposentadoria se você não paga o INSS de forma separada. Mas com o seu título de microempreendedor você tem isso garantido.
Se já na juventude não nos preocuparmos com isso, sabe-se lá Deus quando conseguiremos nos aposentar devidamente. Do jeito que anda este governo que só aumenta cada vez mais a quantidade de anos registrados na carteira de trabalho para aposentar, imagina quem tem a carteira limpinha ou pouco preenchida? Por isso, não pense só em você como uma empresa agora, pense em você também como uma pessoa que um dia irá envelhecer e não será mais apto ao trabalho, e pagando Previdência Social desde agora te garantirá uma terceira idade minimamente digna.
Anotou tudo? Tem alguma dica para dar ou já aderiu algo citado acima e mudou sua perspectiva de trabalho? Espero que tenha gostado do post e que ele seja grande ajuda! São itens básicos, eu sei, mas se eu soubesse destas coisas quando comecei a trabalhar como freelancer eu teria poupado tanta dor de cabeça… Tomara que faça diferença na sua vida profissional como fez com a minha! 😍