Acho que perdi a conta de quantas dezenas de anúncios eu recebo por dia nos stories de cursos sobre como produzir conteúdo criativo, como ter engajamento nas mídias sociais, como trabalhar 3h por dia e ser rico. Somos bombardeados com anúncios sobre o quanto precisamos ser produtivos, rápidos, práticos. E a nossa mente — que já não está das melhores com essa quarentena — vai para o ralo.
Passamos a nos sentir obrigados a ser produtivos também. Eu me senti assim por um bom tempo, e passei a me sentir culpada. Eu fugi. Fiquei e silêncio nas redes sociais nos últimos tempos para não dizer nos últimos dois anos. Estava achando tudo bem tóxico essa falsa positividade e produtividade a mil que as pessoas exalam nas redes sociais. Cheguei a pensar "quem sou eu no meio desse povo?", "por que alguém iria querer ver o que posto?", "sou mais uma no meio disso tudo", "as pessoas não irão gostar, ou irão criticar"… e o pior "por que não consigo ser assim?". Meu coração aperta só de pensar nessa ultima.
Foi num desses apertos do coração que lembrei do blog de 2009 a 2013 — a "época de ouro" do mLuv, como eu sempre digo. Olhei para esse conteúdo e vi o que ele tinha de tão especial, o que eu fazia que atraía as pessoas. Eu não escrevia nada demais. Sério, nada demais mesmo. Eu escrevia sobre as músicas que eu escutava, os livros que eu lia, os filmes e séries que assistia. E principalmente, conversava sobre a vida, a minha rotina. Era meio que uma versão escrita dos stories de hoje em dia. O meu propósito era simplesmente compartilhar, e as pessoas recebiam e compartilhavam outras histórias comigo pelos comentários. Eu conheci dezenas de pessoas incríveis, cultivei amizades que comemoraram uma década. Olha só que prazeroso! E fiquei me perguntando… "O que mudou?"
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Propósito. Essa é uma palavra que vemos muito nas mídias, né? Empreender com propósito. Vender com propósito. Criar com propósito. Viver com propósito. Eu achava que precisava ser revolucionário, algo incrível. Mas eu levei muito tempo para entender que um propósito só precisa valer a pena — principalmente para o bem estar mental, que, aliás, é algo de extrema importância, principalmente nessa época de isolamento social.
Eu perdi o meu propósito porque passei a acreditar que as pessoas não iriam se interessar no que tenho para dizer. Eu perdi o meu propósito porque fiquei com medo das pessoas não gostar do que tenho para falar, ou de falar algo que não devia, sei lá… Eu perdi o meu propósito porque acreditei que nenhum nicho me pertencia. Perdi o meu propósito pois ele simplesmente deixou de ser meu.
Me senti roubada, mesmo sabendo que ninguém me roubou nada — eu que permiti que isso tudo acontecesse. Eu pensava em algo para escrever e no mesmo instante ia embora… eu mal lutava para tê-lo de volta. Dizia a mim mesma que não tava com "tempo". E este post não levou nem 1h do meu sábado para ser escrito.
Se o seu propósito vale a pena para você, vai valer a pena também para outras pessoas. Uma amiga me disse semanas atrás que vão ter pessoas que não vão gostar de você (independente do que você faça, sempre vai ter alguém), e naturalmente se afastarão com o tempo do seu círculo, seja digital ou na vida fora dela. Ultimamente tenho feito o exercício de que isso é uma coisa boa todos dias na minha mente (alguns dias consigo com maestria, outros nem tanto). Não tenho dever de agradar a todos e nem conseguirei. Já temos toxicidade o bastante por ai.
Me desculpe se este post tiver alguns errinhos de português. Estava de noite, não quis ficar revisando várias e várias vezes como eu fazia — o que me atrapalhava e me custava muitas e muitas horas. Só quis postar.
Eu estava precisando disso.